segunda-feira, 14 de junho de 2010

Maior sucesso da Globo é uma novela das 6


"Escrito nas Estrelas" não conta com crimes misteriosos, belas tomadas no exterior nem tramas muito complexas. Também não é composta por um elenco repleto de atores consagrados e, por ser uma novela das 18 h, conta com um investimento menor do que os demais folhetins da Globo.

E é justamente por sua leveza e simplicidade que a trama de Elizabeth Jhin tem se destacado entre as produções que estão no ar atualmente. Em tempos em que a dramaturgia da emissora está patinando na audiência, a novela é a única que consegue manter índices satisfatórios para o horário em que é exibida, com a boa média de 26 pontos. Mérito não só da autora, que conduz com segurança seu místico conto de fadas contemporâneo, como também da direção caprichada e de atuações convincentes.



A reprodução assistida é um dos temas abordados na novela


Como é tradicional nos folhetins, a história aposta nas emoções. Seja a dor do pai que perde o filho, a angústia do espírito de um morto em não poder se comunicar com as pessoas vivas que ama ou do romance idealizado - e precocemente interrompido - entre ele e uma jovem bondosa e desprotegida.

Os dramas água com açúcar ganham proporções maiores com as boas atuações de Nathália Dill, que dosa na medida certa a fragilidade e a dureza da mocinha Viviane/Vitória, e de Humberto Martins, que, apesar de conservar o mesmo estilo rude que marcou grande parte de seus papéis na tevê, consegue sensibilizar nas sequências em que o médico Ricardo Aguillar lembra do filho falecido.

Humberto Martins cativa o público com personagem turrão e sensível

Mas a carga dramática está longe de deixar a novela pesada. As muitas cenas tristes são mescladas com bons toques de humor e com uma abordagem delicada. E, a despeito do céu - ou plano espiritual, limbo ou qualquer nome que inventem- ser apresentado na trama de forma muito rudimentar, ele consegue despertar interesse.

Até mesmo o núcleo de vilões contribui para deixar a história mais leve, com um humor quase pastelão das ambiciosas Sofia e Beatriz, personagens de Zezé Polessa e Débora Falabella, e uma cômica arrogância do vilão Gilmar, interpretado com inteligência por Alexandre Nero.

Em muitos momentos, eles chegam até a ser mais divertidos que o núcleo suburbano, que não vai muito além do óbvio com a história do típico malandro Jair, de André Gonçalves, que mora com a família na casa do sogro, com quem vive às turras.


As malandragens de Jair só não são mais sem graça do que a abertura da novela, onde a mulher voando pelo céu possui tanta breguice e lentidão que diferem da proposta da trama, com histórias ágeis em ambientes tão modernos quanto uma clínica de fertilização. A abordagem dos limites da inseminação artificial, por sua vez, é mais um dos acertos da novela, que toca no assunto sem cair no didatismo que costuma acompanhar temas desse tipo.

Outro ponto positivo para a autora Elizabeth Jhin, que, após o fracasso de "Eterna Magia", em 2007, finalmente parece ter encontrado o ponto certo em suas histórias, que representam o mundo real e um universo fantástico habitado por bruxas e espíritos.

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