

A reprodução assistida é um dos temas abordados na novela
Como é tradicional nos folhetins, a história aposta nas emoções. Seja a dor do pai que perde o filho, a angústia do espírito de um morto em não poder se comunicar com as pessoas vivas que ama ou do romance idealizado - e precocemente interrompido - entre ele e uma jovem bondosa e desprotegida.
Os dramas água com açúcar ganham proporções maiores com as boas atuações de Nathália Dill, que dosa na medida certa a fragilidade e a dureza da mocinha Viviane/Vitória, e de Humberto Martins, que, apesar de conservar o mesmo estilo rude que marcou grande parte de seus papéis na tevê, consegue sensibilizar nas sequências em que o médico Ricardo Aguillar lembra do filho falecido.
Humberto Martins cativa o público com personagem turrão e sensível
Mas a carga dramática está longe de deixar a novela pesada. As muitas cenas tristes são mescladas com bons toques de humor e com uma abordagem delicada. E, a despeito do céu - ou plano espiritual, limbo ou qualquer nome que inventem- ser apresentado na trama de forma muito rudimentar, ele consegue despertar interesse.
Até mesmo o núcleo de vilões contribui para deixar a história mais leve, com um humor quase pastelão das ambiciosas Sofia e Beatriz, personagens de Zezé Polessa e Débora Falabella, e uma cômica arrogância do vilão Gilmar, interpretado com inteligência por Alexandre Nero.
Em muitos momentos, eles chegam até a ser mais divertidos que o núcleo suburbano, que não vai muito além do óbvio com a história do típico malandro Jair, de André Gonçalves, que mora com a família na casa do sogro, com quem vive às turras.
As malandragens de Jair só não são mais sem graça do que a abertura da novela, onde a mulher voando pelo céu possui tanta
breguice e lentidão que diferem da proposta da trama, com histórias ágeis em ambientes tão modernos quanto uma clínica de fertilização. A abordagem dos limites da inseminação artificial, por sua vez, é mais um dos acertos da novela, que toca no assunto sem cair no didatismo que costuma acompanhar temas desse tipo.
Outro ponto positivo para a autora Elizabeth Jhin, que, após o fracasso de "Eterna Magia", em 2007, finalmente parece ter encontrado o ponto certo em suas histórias, que representam o mundo real e um universo fantástico habitado por bruxas e espíritos.
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